Pentacampeão em campo, amador fora.

Numa semana onde a FIFA criticou veementemente as sedes brasileiras para a Copa de 2014, a seleção canarinho, com duas vitórias convincentes sobre Argentina e Chile, carimbou passaporte para a Copa da África. A seleção de Dunga, que ainda não tem um lateral-esquerdo confiável e nem reservas confirmados para o ataque e a meia, hoje é considerada pela crítica do mundo inteiro como favorita ao título, ainda mais vendo que Argentina, Portugal e França estão com um pé fora da Copa de 2010.

Sucesso dentro de campo, vexame fora. Afinal, cada vez mais fica comprovado que o Brasil está longe de ser capaz de receber um evento do porte de uma Copa do Mundo. O Mineirão, que há duas semanas teve um jogo válido pela Série A interrompido por duas vezes por falta de energia, quer sediar a abertura de uma Copa. O Morumbi, estádio que representaria a maior metrópole do Brasil e tido como favorito para a abertura da Copa 2014, foi descartado pela FIFA por não ter espaço para estacionamento, entre outras falhas básicas no projeto.

Vale lembrar que, os problemas não dizem respeito apenas às já conhecidas praças esportivas no Brasil. As novas arenas, ou se preferir, os novos complexos esportivos, estão em processo de licitação e só em março deve ser dado o pontapé inicial para as construções. Porém, o que mais me preocupa é a infra-estrutura, de primeiro mundo, que cada cidade-sede precisa ter para receber os jogos da Copa, que em 2014 acontecerá num país subdesenvolvido e que teoricamente precisaria de mais verbas para setores como educação, saúde e segurança, e não para a construção de super-estádios que servirão para um mês de competição do porte deles.

Trazendo essa discussão para as cidades nordestinas, como resolver a questão do trânsito em Salvador, se a cidade parou no tempo e ainda engatinha na construção do metrô? E quanto a Recife, que terá que construir sua “Cidade da Copa” na divisa com outra cidade de Pernambuco, pois não tem espaço para abrigar um projeto que demande tantas regalias a nível de primeiro mundo como este da Copa 2014? Para completar, Natal e Fortaleza vêm se gabando por terem conseguido as licenças necessárias para a execução dos projetos dos estádios, mesmo sem ainda ter conseguido nem metade da captação dos custos totais no que se refere à infra-estrutura das cidades. Mais informações no portal www.copa2014.org.br.

* Coluna publicada no Jornal da Cidade, de Aracaju-SE.