"Não vou mais ao Baptistão"

Depois de mais uma vergonha protagonizada pelo Colorado centenário, que este ano já havia perdido o Campeonato Sergipano para o Confiança e a Copa Governador do Estado para o São Domingos, a população sergipana viveu uma semana de luto, digo mais, uma semana daquelas em que a frase “Não vou mais ao Baptistão” foi repetida até dizer chega. Isso não conta apenas para os torcedores do Sergipe, que viram o glorioso ser goleado pelo Alecrim em Natal na quarta divisão do Brasileiro. Mas também para o lado azul do Estado, que em 2008 quase subiu para a Série B e em 2009, conseguiu cair para a Série D.

No Confiança, o problema foi repetir os mesmos erros do ano passado, quando a falta de comando e a contratação de jogadores ultrapassados prevaleceram. No Sergipe, todos, eu disse todos os sergipanos e aqueles que conhecem o futebol do Estado, sabem qual é “o” problema do vermelhinho. E como eu disse no dia 9 de março deste ano, na coluna Nordeste Futebol Clube (publicada no blog do Programa que é veiculado pela Rádio Gazeta AM de São Paulo), o Club Sportivo Sergipe vai passar o 17 de outubro de 2009, dia em que “comemora” 100 anos de vida, sem fazer aquilo que lhe fez o maior campeão do Estado.

Nessa semana, com a repercussão trágica dos últimos resultados do futebol sergipano, surgiram alguns dilemas que eu, sinceramente, peço a sua ajuda para serem explicados. Primeiro: é certo a mídia incentivar a população a ir ao Baptistão quando todos nós sabemos que o amadorismo está presente em todas as instâncias do nosso futebol? É correto elogiar e apoiar nossos times medíocres quando sabemos que Sergipe é um dos poucos Estados que não têm representantes acima da quarta divisão, ou melhor, que não tem nenhum time entre os sessenta melhores do país?

Por fim, o nosso maior problema é que para mudar o cenário sombrio do futebol sergipano não depende somente de nós, amantes da bola, mas principalmente de uma reformulação completa no comando do mesmo. Para isso acontecer, vou ter que concordar com as dezenas de torcedores desolados que conversaram comigo esta semana, que só vêem uma saída: não ir mais ao Baptistão enquanto as coisas não mudarem. Aí, quando só restarem nas arquibancadas do Baptistão os auto-intitulados donos da bola, eles perceberão que não terão mais público para aplaudi-los e procurarão os seus devidos lugares. Ah! E vamos parar de mendigar vaga no Brasileiro pelo tapetão: chega de passar vergonha!

*Coluna publicada no Jornal da Cidade, em Aracaju, no dia 19 de setembro de 2009.